A educação baseada em competências tem como foco o objetivo final de formação do estudante, integrando o conhecimento teórico à prática clínica e, alinhando o currículo às demandas da população e dos sistemas de saúde orientados pela Atenção Primária à Saúde (APS). A Medicina de Família e Comunidade (MFC) constitui-se como disciplina estratégica por atuar diretamente na APS, proporcionando um cenário de aprendizado integrado e contextualizado. Diante deste cenário, questiona-se quais competências de MFC o egresso de medicina necessita para atuar no atual sistema de saúde brasileiro. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal em três etapas: revisão de escopo da literatura, elaboração de uma matriz de competências e validação das competências através da técnica Delphi eletrônica (e-Delphi), com especialistas em ensino de MFC no Brasil. Para a etapa e-Delphi, foram coletadas informações sobre concordância com as competências, cenários de ensino e marcos educacionais, em três rodadas iterativas, analisando-se consenso (≥80 ) e estabilidade das respostas (intervalo interquartil). Também foram identificadas áreas de interdisciplinaridade e responsabilidade pelo ensino. Resultados: Foram validadas 38 competências habilitadoras distribuídas em sete competências-chave. Os painelistas atribuíram a maioria das competências à MFC (73,7 ), com importante colaboração das áreas de Saúde Coletiva, Clínica Médica, Pediatria, Tocoginecologia e Cirurgia, destacando a interdisciplinaridade. Os cenários principais para aprendizagem foram a APS, complementada por Unidades de Pronto Atendimento, Redes de Atenção Psicossocial e ambientes hospitalares de urgência e emergência. Marcos educacionais específicos foram definidos para supervisão direta e indireta ao longo da formação. Discussão e Conclusão: O estudo reforça a importância estratégica da MFC como eixo integrador na formação médica, evidenciando a necessidade de implementação curricular interdisciplinar e colaborativa para atender às complexidades do sistema de saúde brasileiro. Os resultados poderão configurar um instrumento prático para orientar o currículo médico, preparando estudantes para uma atuação ampla e adaptável às necessidades da população brasileira.