Diversos estudos epidemiológicos mostram que a presença de um ambiente intrauterino adverso, seja por restrição calórica, estresse ou excesso de glicocorticoide, afeta o crescimento e predispõe ao desenvolvimento de doenças crônicas na vida adulta. No presente estudo investigamos alterações no metabolismo lipídico hepático e na expressão de marcadores de proliferação celular em ratas expostas à dexametasona in útero e submetidas ao consumo excessivo de frutose na vida adulta. Ratas Wistar prenhes foram tratadas ou não com dexametasona na água de beber, na dose de 0,1 mg/kg/dia, durante o terceiro período gestacional. Posteriormente, ratos machos da prole com oito semanas de vida foram suplementados ou não com frutose 10 na água de beber ad libitum por até oito semanas. Parâmetros bioquímicos foram mensurados utilizando kits comerciais, a expressão gênica analisada por qRT-PCR e a expressão proteica por Western blotting. Os resultados mostraram aumento dos níveis plasmáticos de triglicerídeos e colesterol, e redução dos níveis plasmáticos de HDL na prole tratada com dexametasona fetal e suplementadas posteriormente com frutose. Além disso, constatamos acúmulo de triglicerídeos no tecido hepático, aumento da atividade enzimática do AST, aumento da atividade hepática da MPO e redução de IGF-1 circulante no grupo dexametasona mais frutose. Ademais, foi observado redução significativa da expressão gênica de GADD45 e Trib3, bem como aumento da expressão de ciclina D1, HGF, Hspa4, PCNA e Ki-67. Com base nesses resultados, podemos concluir que o modelo de baixo peso ao nascer induzido por dexametasona desenvolvem alterações no perfil lipídico e alterações moleculares associadas a proliferação celular, a DHGNA, a NASH e ao HCC ao consumirem frutose em excesso durante a vida adulta.