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SEGURANÇA ONCOLÓGICA DA RECONSTRUÇÃO MAMÁRIA IMEDIATA E O IMPACTO DO RASTREAMENTO OPORTUNÍSTICO NA SOBREVIDA DE 1517 PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA: ESTUDO DE COORTE RETROSPECTIVA


Candidato(a): Natalie Rios Almeida
Orientador(a): Luiz Carlos Zeferino

Apresentação de Defesa

Curso: Tocoginecologia
Local: Anfiteatro Kazue Panneta - CAISM
Data: 19/12/2025 - 13:00
Banca avaliadora
Titulares
Luiz Carlos Zeferino
Vilmar Marques de Oliveira
Luis Otavio Zanatta Sarian
Ruffo de Freitas Junior
Sophie Francoise Mauricette Derchain
Suplentes
André Mattar
René Aloisio da Costa Vieira
Diama Bhadra Andrade Peixoto Do Vale

Resumo



Introdução: O câncer de mama permanece como a neoplasia maligna mais prevalente entre as mulheres e uma das principais causas de morte por câncer, especialmente em países onde a cobertura de rastreamento é limitada e o diagnóstico frequentemente ocorre em estágios avançados. Embora o tratamento cirúrgico seja pilar fundamental no manejo, a extensão da ressecção e a forma de detecção tumoral podem influenciar indiretamente os desfechos por meio da associação com o estadiamento e as características biológicas do tumor. Este estudo teve como objetivo avaliar, de forma integrada, como o tipo de cirurgia oncológica (conservadora com ou sem oncoplastia e mastectomia com ou sem reconstrução imediata) e a maneira do diagnóstico (clínico versus rastreamento) se relacionam aos desfechos de sobrevida em pacientes com câncer de mama invasivo, além de estimar os anos de vida perdidos (AVP) e os anos de vida doença-livre perdidos (AVDLP) segundo o estadiamento clínico. Métodos: Foi conduzido um estudo de coorte retrospectiva incluindo 1.517 mulheres com câncer de mama invasivo unilateral e não metastático, submetidas à cirurgia entre 2012 e 2016 em um hospital universitário terciário no Brasil, com tempo médio de seguimento de 5,9 anos. Foram analisados dados clínicos, patológicos e terapêuticos. As sobrevidas global (SG), livre de doença (SLD) e câncer-específica (SCE) foram estimadas pelos métodos de Kaplan–Meier e regressão de Cox. AVP e AVDLP foram calculados conforme o estadiamento clínico, a partir das perdas em relação à expectativa de vida e ao tempo projetado livre de recorrência. Resultados: Foram incluídas 1.517 pacientes com câncer de mama invasivo unilateral e não metastático, com tempo médio de seguimento de 5,9 anos. A maioria foi submetida à cirurgia conservadora (53,2 ), seguida por mastectomia (29,3 ), mastectomia com reconstrução imediata (17,5 ) e oncoplastia (6,9 ). Embora as análises univariadas tenham mostrado pior sobrevida após mastectomia e SLD discretamente inferior após oncoplastia, essas diferenças não se mantiveram após o ajuste multivariado. Idade, tamanho tumoral, comprometimento linfonodal, grau histológico, invasão linfovascular e subtipo molecular foram os fatores independentemente associados à sobrevida. A recorrência local ocorreu em 4,2 dos casos, sem diferença entre as técnicas cirúrgicas. Em relação ao modo de detecção, 69,5 das pacientes foram diagnosticadas a partir de sinais e sintomas clínicos, principalmente tumores palpáveis, enquanto 30,5 foram diagnosticadas por rastreamento. As pacientes sintomáticas eram mais jovens e apresentavam tumores em estágios mais avançados, de maior grau histológico, com invasão linfovascular e subtipos mais agressivos (HER2+ e triplo negativo). Esse grupo foi mais frequentemente submetido à mastectomia e à quimioterapia neoadjuvante. Na análise univariada, o diagnóstico clínico esteve associado a piores taxas de SG (81,1 vs. 92,1 ), SLD (77,8 vs. 89,5 ) e SCE (86,1 vs. 95,3 ); contudo, essa associação não se manteve após ajuste multivariado, sendo o estadiamento e a biologia tumoral os principais determinantes prognósticos. A análise dos AVP e AVDLP demonstrou aumento progressivo das perdas conforme o avanço do estadiamento, refletindo maior comprometimento da longevidade e do tempo de vida saudável nos estágios mais avançados. Conclusões: Nesta ampla coorte brasileira, os desfechos de sobrevida foram determinados principalmente pelo estadiamento e pelas características biológicas dos tumores, e não pelo tipo de cirurgia ou pelo modo de detecção. A cirurgia conservadora, com ou sem técnicas oncoplásticas, demonstrou segurança oncológica equivalente à mastectomia. A análise de AVP e AVDLP por estadiamento evidencia o impacto do diagnóstico tardio sobre a sobrevida e o tempo de vida saudável em um centro terciário especializado em saúde da mulher.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
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