Qualificações e defesas - Detalhes


A HEGEMONIA DO DSM EM CRISE E OS NOVOS MODELOS NOSOLÓGICOS DA PSIQUIATRIA: RESEARCH DOMAIN CRITERIA (RDoC) E HIERARCHICAL TAXONOMY OF PSYCHOPATHOLOGY (HiTOP)


Candidato(a): Renato Cortez Maciel
Orientador(a): Claudio Eduardo Muller Banzato

Apresentação de Defesa

Curso: Ciências Médicas
Local: Anfiteatro do departamento de psiquiatria
Data: 16/01/2026 - 13:00
Banca avaliadora
Titulares
Claudio Eduardo Muller Banzato
Luis Fernando Farah De Tofoli
Rafaela Teixeira Zorzanelli
Suplentes
Amilton Dos Santos Junior
Guilherme Peres Messas

Resumo



As classificações em psiquiatria podem ser analisadas em correlação às classificações em medicina e às científicas, em geral. A evolução da classificação psiquiátrica seguiu um caminho peculiar e avançou de maneira não-linear, com influência de questões de ordem social e política, além das técnico-científicas. No último século, a psiquiatria passou pela influência das escolas Kraepeliniana e Freudiana, principalmente, sendo, finalmente, dominada pela psicopatologia descritiva do Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM) a partir dos anos 1980. Os avanços conquistados através desse método classificatório em relação à confiabilidade diagnóstica e o decorrente desenvolvimento da terapêutica medicamentosa eficaz mantiveram essa hegemonia por várias décadas, apesar das limitações inerentes a um sistema categorial baseado no agrupamento convencional de sinais e sintomas psicopatológicos, como a heterogeneidade das categorias diagnósticas e a comorbidade excessiva. Havia uma expectativa de superação dessas limitações através do descobrimento de mecanismos etiopatológicos que determinassem os agrupamentos sintomáticos, conferindo, assim, validação à divisão proposta. Contudo, as evidências empíricas colhidas ao longo das últimas décadas não se alinhavam de maneira consistente a este sistema, que não progredia como esperado inclusive em pontos-chave em uma classificação diagnóstica, como a capacidade de previsão prognóstica ou de determinação de tratamento. Com isso, foram propostas formas alternativas de organizar a psicopatologia, com o objetivo de lidar com as limitações vigentes. Uma delas é o Research Domain Criteria (RDoC), uma plataforma de pesquisa criada em 2009 pelo National Institute of Mental Health (NIMH) dos Estados Unidos da América que propõe conceitos psicopatológicos híbridos, fundamentados em parâmetros biológicos e comportamentais. Contudo, a utilidade clínica dos conceitos psicopatológicos dessa proposta ainda depende da sua correspondência com entidades clínicas reconhecíveis, o que continua sendo uma expectativa futura que não pode ser garantida. Outra proposta alternativa é o Hierarchical Taxonomy of Psychopathology (HiTOP), criado em 2017, em que a coocorrência dos sintomas psicopatológicos é tomada como indicativo da existência de um ou mais fatores que determinem essa associação. Assim como o RDoC, trata-se de um trabalho em andamento, com resultados preliminares. Mesmo assim, os construtos já estabelecidos foram submetidos a análises empíricas que demonstraram alinhamento com diversas variáveis biológicas e psicológicas não contidas na definição dos agrupamentos, o que pode ser entendido como evidência de validade científica da proposta. O presente trabalho objetiva analisar as limitações do sistema DSM, o desenvolvimento de sua crise as bases epistemológicas desses dois novos modelos nosológicos e seus resultados. Para tanto, foi realizada uma revisão narrativa dos trabalhos científicos centrais à fundamentação teórica necessária ao estudo e das publicações mais recentes sobre os resultados dos novos modelos.

Faculdade de Ciências Médicas
Universidade Estadual de Campinas

Correspondência:
Rua Vital Brasil, 80, Cidade Universitária, Campinas-SP, CEP: 13.083-888 – Campinas, SP, Brasil
Acesso:
R. Albert Sabin, s/ nº. Cidade Universitária "Zeferino Vaz" CEP: 13083-894. Campinas, SP, Brasil.
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