Introdução: Recentemente, as Questões de Resposta Curta (QRMC) têm recebido atenção, uma vez que estudos demonstram que elas apresentam vantagens psicométricas em comparação com as Questões de Múltipla Escolha (QME). Embora se considere que as QRMCs exijam uma maior carga cognitiva devido à quantidade de processamento na memória de trabalho, a literatura prévia não apresenta diferenças claras. Neste estudo, investigamos a validade do processo de resposta ao comparar a carga cognitiva entre QRMCs e QMEs por meio de rastreamento ocular.
Métodos: Trata-se de um estudo experimental, prospectivo e randomizado, com delineamento crossover intra-sujeitos. Os participantes foram randomizados para iniciar respondendo QRMCs ou QMEs, a fim de controlar o efeito da fadiga. Foram utilizadas 40 questões, sendo 20 originalmente no formato QRMC e 20 no formato QME. Para contrabalancear o nível de dificuldade, todas as questões foram adaptadas para o formato oposto, criando um espelhamento entre os testes. A carga cognitiva foi mensurada por rastreamento ocular, utilizando como métricas o número de fixações e de revisitações. Os dados foram analisados por meio de modelos mistos.
Resultados: Os resultados indicaram um número maior de fixações (F(1; 1245,89) = 129,898; p < 0,001) e de revisitações (F(1; 1246,62) = 113,476; p < 0,001) para as QRMCs em comparação com as QMEs. Também foi observado um número maior de fixações e de revisitações em respostas incorretas em comparação com as corretas, para ambos os tipos de questão.
Discussão: Nossos resultados demonstraram uma maior carga cognitiva para responder às QRMCs do que às QMEs, o que corrobora a validade do processo de resposta. Estes achados sugerem que as alternativas nas QMEs podem fornecer pistas não intencionais, resultando em menor carga cognitiva. Ao responder a uma QRMC, o examinando precisa recuperar a informação de seu sistema de memória para formular uma resposta, o que eleva a carga de trabalho mental. A maior carga cognitiva observada em respostas incorretas, independentemente do formato da questão, indica que os participantes realizaram um esforço de busca na memória, mas o conhecimento necessário não estava disponível.
Conclusão: Em síntese, este estudo comprova que QRMCs impõem maior carga cognitiva que QMEs atribuível à recuperação ativa de informações. Além disso, corrobora achados que demonstraram uma maior carga cognitiva quando as respostas são incorretas, independentemente do formato.
