Reinvenção de rituais indígenas é tema de livro lançado pela antropóloga Beatriz Labate

Beatriz Caiuby Labate, doutora em Antropologia Social pela Unicamp, lançou na noite de quarta-feira (5), no anfiteatro 1 da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp, o livro "Ayahuasca Shamanism: in the Amazon and Beyond", publicado com Clancy Cavnar, pela Oxford University Press. A apresentação foi seguida por um debate no qual participaram Taniele Rui (FGV-SP/CEBRAP) e Paulo Dalgalarrondo (FCM-UNICAMP) e o público presente. A abertura do evento contou com a participação do diretor associado da FCM, Roberto Teixeira Mendes.

O livro discute como a epistemologia e a ontologia ameríndias se relacionam com certos rituais xamânicos indígenas da Amazônia difundidos em sociedades ocidentais, e como as culturas indígenas, mestiças e cosmopolitas dialogaram e transformaram essas tradições da floresta. A ayahuasca é uma bebida psicoativa normalmente composta por duas plantas, a liana Banisteriopsis caapi e folhas do arbusto Psychotria viridis. O uso da ayahuasca expandiu-se para além de sua origem amazônica e gerou inúmeras respostas legais e culturais nos países para onde se difundiu. O livro analisa como povos indígenas e seringueiros deslocados estão engajados em uma reinvenção criativa de rituais e como esses rituais ajudam a construir alianças étnicas, bem como estratégias culturais e políticas para suas posições marginalizadas.

De acordo com o psiquiatra da FCM da Unicamp Luis Fernando Tófoli, o livro de Labate traz uma visão geral da questão do xamanismo da ayahuasca e sua inserção em um mundo ocidental que, em parte busca respostas para seus problemas nas sociedades tradicionais e está, ao mesmo tempo, inserido em uma política proibicionista de combate ao uso de substâncias psicoativas com características semelhantes às da ayahuasca.

Durante o evento, algumas questões na interface das Ciências Sociais e Saúde que foram discutidas, como por exemplo, o que é cura no contexto xamânico, as pressões que surgem no contato entre "ocidentais" e o contexto xamânico indígena e caboclo, o uso terapêutico da ayahuasca, o manejo sustentável das plantas utilizadas para se fazer ayahuasca, entre outros.

“Fiquei muito feliz com o encontro e por perceber como há espaços para diálogos entre saúde e ciências sociais desse tipo na FCM. Outros exemplos que mostram isso foram o seminário "Mães, Pais e saúde: a experiência do cuidado em comunidades de Terreiros", que aconteceu em maio, e do fórum PENSES "Visões Interdisciplinares da Maconha: Evidências, Valores e Fantasias", realizado em junho, e que foram provocados por iniciativas de docentes desta Faculdade”, disse Tófoli. 

Para mais informações sobre o livro e pesquisas de Beatriz Labate, acesse http://bialabate.net