Qualificações e Defesas

Resultados obtidos

Candidato(a): Júlia Aparecida Souza Reis Orientador(a): Flávia Silva Arbex Borim
Mestrado em Gerontologia
Apresentação de Qualificação Data: 13/05/2024, 14:00 hrs. Local: Anfiteatro da Pós-Graduação/FCM
Banca(s) avaliadora(s)
Apresentação de Qualificação
Titulares
Flávia Silva Arbex Borim - Presidente
Faculdade de Ciências Médicas UNICAMP- Faculdade de Ciências Médicas UNICAMP
Andre Fattori
Daniela de Assumpção- Universidade Estadual de Campinas
Suplentes
Samila Sathler Tavares Batistoni - Lifelong Psicologia e Educacao para a Longevidade


Candidato(a): Maura Fernandes Franco Orientador(a): Arlete Maria Valente Coimbra
Doutorado em Gerontologia Coorientador(a): Ibsen Bellini Coimbra
Apresentação de Qualificação Data: 28/05/2024, 13:30 hrs. Local: Sala Azul da Pós-graduação/FCM
Banca(s) avaliadora(s)
Apresentação de Qualificação
Titulares
Arlete Maria Valente Coimbra - Presidente
Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas- Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas
Flávia Silva Arbex Borim- Faculdade de Ciências Médicas UNICAMP
Zoraida Sachetto
Suplentes
Claudia Regina Cavaglieri


COMPARAÇÃO DAS CONDIÇÕES CLÍNICAS, DAS COMPLICAÇÕES E DA DISFAGIA ENTRE ADULTO E IDOSO INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, DIAGNOSTICADOS COM A COVID-19.

Candidato(a): Rebeca Stephanie Torezim Orientador(a): Lucia Figueiredo Mourao
Mestrado em Gerontologia
Apresentação de Defesa Data: 06/06/2024, 14:30 hrs. Local: Sala Laranja, Pós-graduação/FCM
Apresentação de Qualificação Data: 13/12/2023, 09:30 hrs. Local: Sala Amarela, Pós-graduação/FCM
Banca(s) avaliadora(s)
Apresentação de Defesa
Titulares
Lucia Figueiredo Mourao - Presidente
Emilse Aparecida Merlin Servilha- Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Luiz Claudio Martins
Suplentes
Luciane Teixeira Soares - Universidade Paulista
Simone Aparecida Claudino da Silva Lopes - Fundação Antonio Prudente
Ana Carolina Constantini
Cristina Lemos Barbosa Furia - Universidade de Brasilia
Apresentação de Qualificação
Titulares
Lucia Figueiredo Mourao - Presidente
Weslania Viviane do Nascimento- Hospital de Mataró
Luiz Claudio Martins
Suplentes
Flávia Silva Arbex Borim - Faculdade de Ciências Médicas UNICAMP

Resumo


Apesar da prevalência do COVID-19 ser maior nos idosos, adultos com comorbidades prévias e doenças crônicas tem sido associada ao aumento da incidência de admissão na Unidade de Terapia intensiva (UTI). Objetivo: analisar e comparar os aspectos demográficos, as condições clínicas, comorbidades e complicações do paciente grave com COVID-19 entre pacientes adultos (>18 a 64 anos) e idosos (>65). Além disso, verificar se as variáveis idade, IOT, uso de BNM estão associados com o desfecho óbito e disfagia. Método: Estudo retrospectivo, quantitativo e multicêntrico. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Foi coletado dados demográficos, clínicos e da avaliação fonoaudiológica dos pacientes graves (adultos >18 anos de idade com diagnóstico de COVID-19 e que tiveram encaminhamento para avaliação e seguimento fonoaudiológico durante a internação em UTI), por meio dos prontuários eletrônicos em um hospital particular e um hospital público no período de junho a dezembro de 2020. Resultados: Foi incluído um total de 71 pacientes, sendo 33 adultos (>18 até 64 anos) com idade média de 52,27 ± 8,51 e 38 idosos (>65 anos) com idade média de 75,34 ± 8,58. Das comorbidades relatadas, obesidade, HAS e DM, representam 48,47 , porém a quantidade de comorbidades não diferiu entre os grupos (p=0,147). Na população adulta foi observada maior frequência de IOT (p=0,002), hemodiálise (p=0,029) e a administração de bloqueador neuromuscular (p=0,001). A população idosa apresentou maior uso de oxigênio (p=0,046) e maior taxa de óbito (p=0,008). Já, a FOIS na alta fonoaudiológica apresentou melhor escore tanto para os adultos (p=0,000) quanto para os idosos (p=0,038). A regressão logística binária para o desfecho óbito, não apresentou associação significativa para as variáveis: idade (p=0,124, OR 1,08, IC 95 0,97 – 1,19), IOT (p=630, OR 1,69, IC 95 0,19-14,6), uso de BNM, (p=0,551, OR 0,60, IC 95 0,11- 3,16); da mesma maneira, não houve associação significativa para o desfecho disfagia (funcionalidade da ingesta oral) com as variáveis idade (p=0,258, OR 1,04, IC 95 0,96 – 1,13), IOT (p=0,462, OR 2,23, IC 95 0,26-19,07), uso de BNM, (p=0,182, OR 0,38, IC 95 0,09- 1,56).Conclusão: A idade não é por si só um fator determinante para pior condições clínicas e melhora da disfagia em pacientes graves com COVID-10, porém foi determinante para mortalidade. Adultos com presença de comorbidades prévias podem apresentar trajetória clínica com gravidade semelhante aos idosos. O tratamento com IOT, uso de BNM e hemodiálise foi maior do grupo adulto do que o idoso, sendo que opção mais conservadora foi realizada no grupo idoso (maior uso de O2). O presente estudo questiona o idadismo como possível fator para a discrepância de tratamento e, provavelmente, do desfecho.



MIRNAS CIRCULANTES NA ATAXIA DE FRIEDREICH: PERFIL DE EXPRESSÃO E CORRELATOS CLÍNICOS

Candidato(a): Thiago Mazzo Peluzzo Orientador(a): Marcondes Cavalcante Franca Junior
Doutorado em Fisiopatologia Médica
Apresentação de Defesa Data: 24/05/2024, 08:30 hrs. Local: Anfiteatro do Prédio da CPG
Banca avaliadora
Titulares
Marcondes Cavalcante Franca Junior - Presidente
Maria Carolina Pedro Athiè- Faculdade de Ciências Médicas - Unicamp
Maria Luiza Saraiva Pereira- Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Fabio Rogerio
Pedro José Tomaselli- USP - RIBEIRÃO PRETO
Suplentes
Jonas Alex Morales Saute - Hospital das Clínicas de Porto Alegre
Luciana Cardoso Bonadia - Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas
José Luiz Pedroso - Universidade Federal de São Paulo

Resumo


A ataxia de Friedreich (AF) é a ataxia hereditária autossômica recessiva mais comum, causada por expansões (GAA) instáveis em homozigose no 1º íntron do gene FXN situado no cromossomo 9. Trata-se de uma doença neurodegenerativa, de início precoce e evolução progressiva e a gravidade da doença está relacionada com o tamanho das expansões GAA encontradas nos pacientes. A principal fisiopatologia é a morte dos neurônios dos gânglios dorsais, seguida da degeneração da coluna posterior da medula espinhal e dos tratos espinocerebelares, culminando com atrofia medular, especialmente na região cervical. Os sintomas de AF geralmente se iniciam de forma precoce e tem caráter progressivo; dentre eles estão a instabilidade da marcha e a incoordenação de movimentos como os primeiros sinais. Porém, também são evidentes: a perda da sensibilidade vibratória e proprioceptiva, a fraqueza muscular, geralmente associada à escoliose, disfunções cognitivas, tremores de extremidades, disfagia, disartria, pés cavos, cardiomiopatia e diabetes. As disfunções cardíacas são a causa mais comum de morte na AF. Com terapia limitada e a aprovação do primeiro agente modificador para a doença, a busca por biomarcadores biológicos, que acompanhem a sua progressão, são imprescindíveis para ajudar e facilitar o desenvolvimento de novas terapias. Nos últimos anos os miRNAs surgiram como biomarcadores promissores em várias áreas médicas como a oncologia, cardiologia, epilepsia, entre outros. Os miRNAs plasmáticos circulantes tem potenciais vantagens como biomarcadores devido ao seu tamanho, estabilidade contra RNases do sangue, relativa facilidade de obtenção (do sangue periférico), armazenamento (-80ºC), e medição através de RT-qPCR. Entretanto, há um número limitado de trabalhos visando a expressão dos miRNAs plasmáticos em AF e, até agora, nenhum miRNA diferencialmente expresso em comum foi identificado entre esses estudos. Isso provavelmente se deve a diferenças nas i) tecnologias aplicadas; ii) etnias das amostras ou na iii) diferença fenotípica dos grupos estudados. Nesse estudo há uma tentativa de caracterizar a assinatura dos miRNAs plasmáticos e seus correlatos em numa coorte de pacientes brasileiros com AF. Nós encontramos dois miRNAs com expressão diferencial, o miR-26a-5p e o miR-15a-5p, que foram correlacionados com danos estruturais no cérebro, coração e medula espinhal. Nós, então, os propusemos como possíveis biomarcadores prognósticos para essas características de fenótipo profundo e, ainda que esses dados sejam transversais, estudos longitudinais são necessários para a determinação de sua eficácia completa.



Vigilância do desenvolvimento infantil nos primeiros mil dias por meio do Instrumento de Vigilância do Desenvolvimento presente na Caderneta da Criança

Candidato(a): Kedma Teixeira Montedori Orientador(a): Maria Cecilia Marconi Pinheiro Lima
Doutorado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação
Apresentação de Defesa Data: 24/05/2024, 09:00 hrs. Local: Sala 05 - LEGO
Banca avaliadora
Titulares
Maria Cecilia Marconi Pinheiro Lima - Presidente
Beatriz Servilha Brocchi- Pontifícia Universidade Católica de Campinas
Carlos Roberto Silveira Correa
Denise Castilho Cabrera Santos- Universidade Metodista de Piracicaba
Soraia Micaela Silva- Universidade Nove de Julho - Campus Vergueiro
Suplentes
Maria De Lurdes Zanolli
Jenifer Silva de Souza - Universidade Nove de Julho
Soraia Matilde Marques Buchhorn - Universidade Federal de São Paulo

Resumo


Introdução: O desenvolvimento da criança nos primeiros mil dias de vida é marcado por significativas modificações, sendo necessário um acompanhamento regular e multidisciplinar destes processos, a fim de detectar precocemente possíveis agravos que interfiram direta ou indiretamente na saúde desta criança. No entanto, o que atualmente observa-se é a carência de profissionais que avaliem o desenvolvimento infantil precocemente, o que contribui com os encaminhamentos tardios dos bebês às instituições quando estes já apresentam algum tipo de deficiência, restringindo a intervenção, sem alcançar a prevenção das alterações patológicas no desenvolvimento. Objetivo: O objetivo deste estudo foi investigar a relação entre o Instrumento de Vigilância do Desenvolvimento (IVD), presente na Caderneta da Criança, e testes padronizados, utilizados na triagem de crianças durante os primeiros mil dias de vida. Metodologia: Considerando-se os objetivos propostos trata-se de uma pesquisa observacional exploratória, com delineamento longitudinal, prospectivo e abordagem quantitativa, sendo público-alvo recém-nascidos entre os meses de maio a agosto de 2019, sem distinção de gênero, com idade inferior a 2 meses de vida. Para a triagem do desenvolvimento infantil foram utilizados Alberta Infant Motor Scale (AIMS) e - Denver Developmental Screening Test (Denver-II) e o IVD presente na Caderneta da Criança. Resultado: O estudo avaliou 83 e os achados encontrados resultaram em dois artigos: um recentemente publicado, que investigou a relação entre o IVD da Caderneta da Criança e as escalas padronizadas AIMS e Denver-II. Esse primeiro artigo revelou uma correlação significativa entre o IVD e esses testes aos 1, 4 e 8 meses, sugerindo sua importância na vigilância do desenvolvimento infantil. Além disso, um segundo artigo, expandiu nossas descobertas, fornecendo insights sobre como os estímulos nos primeiros mil dias de vida afetam o desenvolvimento infantil e destacando a conexão entre o IVD e o estado de saúde da mãe e da criança, ressaltando sua importância na identificação precoce de desafios no desenvolvimento infantil. Conclusão: Os resultados enfatizam a importância do IVD como um instrumento prático na saúde pública, evidenciando sua relevância na vigilância do desenvolvimento infantil. Além da correlação significativa com os testes AIMS e Denver-II, destaca-se sua associação com a saúde da criança, incluindo complicações no parto, problemas de saúde e hospitalizações subsequentes. Também foi observada uma ligação entre o IVD e a saúde materna, especialmente relacionada à depressão pós-parto. Esses achados ressaltam a utilidade do IVD como uma ferramenta acessível garantindo uma abordagem integral na vigilância do desenvolvimento infantil dentro do contexto da saúde pública.



Experiências de adolescentes durante o cuidado perinatal na pandemia de COVID-19: síntese de estudos qualitativos.

Candidato(a): Maria Paula Perroca Lipi Orientador(a): Jose Paulo De Siqueira Guida
Mestrado em Tocoginecologia Coorientador(a): Diama Bhadra Andrade Peixoto Do Vale
Apresentação de Defesa Data: 24/05/2024, 09:00 hrs. Local: Sala Azul
Banca avaliadora
Titulares
Jose Paulo De Siqueira Guida - Presidente
Tania Mara Marques Granato
Fernanda Garanhani De Castro Surita
Suplentes
Larissa Rodrigues
Adriana Gomes Luz

Resumo


Introdução: a gravidez na adolescência, definida para meninas de 10 a 19 anos, é mais prevalente em países de baixa e média renda, e deve ser compreendido, além das complicações clínicas potenciais, como um momento de importantes experiências e modificações de ordem psicossocial. A pandemia de COVID-19 exacerbou desafios, impactando os cuidados pré-natais, especialmente para adolescentes, consideradas um grupo vulnerável. Métodos: A pesquisa é uma revisão integrativa, focando em estudos qualitativos sobre as percepções de adolescentes gestantes durante a pandemia (2020-2023). A seleção envolveu 69 artigos, resultando em 9 incluídos, provenientes de vários países de baixa renda. Resultados: Os estudos destacam seis eixos temáticos principais: 1. Impacto Econômico: A pandemia influenciou adversamente as condições pessoais e familiares, levando a casamentos precoces e violência, agravando desigualdades econômicas pré-existentes. 2. Saúde Mental: Aumento de ansiedade, depressão, isolamento e medo entre adolescentes gestantes, com destaque para preocupações relacionadas à contaminação e incertezas perinatais. 3. Cuidados Perinatais Comprometidos: Restrições durante o pré-natal e parto, falta de suporte emocional e profissional, levando a impactos negativos na assistência às adolescentes gestantes. 4. Quebra da Rede de Suporte Familiar: O fechamento das escolas, perdas familiares e aumento da violência doméstica afetaram a dinâmica familiar, influenciando na ocorrência de gestações precoces. 5. Impacto na Educação Sexual: O fechamento de escolas prejudicou o acesso a métodos contraceptivos, contribuindo para gestações não-planejadas. 6. Hesitação Vacinal: Desinformação levou a hesitação entre gestantes, destacando a necessidade de melhor comunicação para aumentar a confiança na vacinação. Discussão: A revisão enfatiza a ampla variedade geográfica dos estudos e destaca a interconexão entre fatores econômicos, sociais e de saúde mental. A pandemia intensificou desafios pré-existentes, evidenciando a importância de suporte integral às adolescentes gestantes, inclusive emocional e psicológico. Conclusão: A pandemia de COVID-19 agravou desigualdades sociais e econômicas, impactando negativamente as experiências perinatais das adolescentes gestantes. A ênfase na necessidade de suporte abrangente, considerando fatores psicossociais, destaca a importância de políticas de saúde mais inclusivas e sensíveis às necessidades específicas desse grupo durante crises de saúde pública.



Candidato(a): Pâmela Coimbra Argenton Puga Orientador(a): Rita De Cassia Ietto Montilha
Doutorado em Saúde, Interdisciplinaridade e Reabilitação Coorientador(a): William Dias Belangero
Apresentação de Qualificação Data: 24/05/2024, 14:00 hrs. Local: Anfiteatro da Pós-Graduação/FCM
Banca avaliadora
Titulares
Rita De Cassia Ietto Montilha - Presidente
Síbila Floriano Landim- Universidad de Talca
Ana Cláudia Fernandes- Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp
Suplentes
Ana Carolina Constantini

Forças estranhas: Uma colaboração psicanalítica ao efeito visual da ayahuasca

Candidato(a): Rodolfo Henrique Olivieri Orientador(a): Luis Fernando Farah De Tofoli
Mestrado em Ciências Médicas
Apresentação de Defesa Data: 27/05/2024, 08:30 hrs. Local: Anfiteatro da Pós-Graduação/FCM
Banca avaliadora
Titulares
Luis Fernando Farah De Tofoli - Presidente
Mario Eduardo Costa Pereira
Francisco Ronald Capoulade Nogueira- IPEP - Instituto de Pesquisa e Estudos em Psicanálise nos Espaços Públicos
Suplentes
Egberto Ribeiro Turato
Ricardo Primi

Resumo


O presente trabalho se propõe a contribuir com a reaproximação entre a psicanálise e o uso de substâncias psicodélicas, sobretudo a ayahuasca, uma decocção tradicionalmente consumida por diversos povos das Américas, e hoje por milhares de pessoas ao redor do mundo, em contextos rituais tradicionais, religiosos e ecumênicos. A ayahuasca, também conhecida como Daime, Vegetal, yajé, nixi pae e hoasca, é produzida principalmente a partir do cipó Banisteriopsis caapi e da folha da Psychotria viridis. O começo da relação entre psicanálise e psicodélicos data do século passado, especialmente a partir da década de cinquenta, após a síntese da dietilamida do ácido lisérgico (LSD) por Albert Hofmann na Suíça, e posterior popularização da substância entre cientistas e médicos psiquiatras, muitos deles com profunda influência psicanalítica, na Europa, Estados Unidos, Canadá e América Latina. Outras substâncias foram estudadas neste período, como a mescalina e a psilocibina, e posteriormente a ayahuasca. O indivíduo, ao consumir uma substância psicodélica, experimenta uma profunda mudança em seu corpo, em suas emoções, em seus sentidos e em sua subjetividade, mudanças essas que indicam cada vez mais um grande potencial terapêutico para transtornos psiquiátricos como a ansiedade, a depressão e consumo abusivo de psicoativos. A experiência com a ayahuasca promove algo denominado pelas religiões ayahuasqueiras como mirações. Trata-se de uma rica vivência visual com cores e formas abundantes e fascinantes, assim como imagens que emergem como formações inconscientes semelhantes aos sonhos, com um roteiro livre e original que aparenta sofrer os mesmos processos de codificação dos sonhos: deslocamento e condensação. A ayahuasca pode trazer à tona material inconsciente, e com um crescente uso urbano desta e de outras substâncias psicodélicas, cresce a necessidade de integração e elaboração deste material. Os psicanalistas devem estar à altura de tal desafio. Assim como nos sonhos, proponho neste trabalho que tais mirações se apresentam não apenas como imagens que dizem algo do sujeito inconsciente em sua relação com o desejo, mas também que possuem estrutura de linguagem, sendo relevante, após a experiência, a possibilidade de transformar tão intensa vivência em palavra. Em conclusão, a combinação da psicanálise com as vivências psicodélicas pode apresentar uma perspectiva única sobre o inconsciente na relação com a linguagem. Se no passado essas substâncias foram pensadas como modelo de compreensão da psicose, hoje podem servir como um poderoso aliado do psicanalista para abertura de novos temas em análise, novos insights e novas formas de discurso.