Resumo
Introdução: A pneumonia é a maior causa de morbidade e mortalidade em crianças de até 5 anos e tem sido acompanhada de um aumento na incidência de derrame pleural parapneumônico. A presença de derrame acarreta uma estadia hospitalar prolongada e deve ser manejada inicialmente com medidas de suporte e antibioticoterapia. Eventualmente ocorre a necessidade de intervenções cirúrgicas, como drenagem pleural, associada ou não a instilação de fibrinolíticos intrapleurais, e videotoracoscopia. Os procedimentos devem ser cuidadosamente indicados com o intuito de resolver o fenótipo clínico com o menor uso de tratamento invasivo. Objetivo: Realização de revisão narrativa da literatura sobre derrame pleural parapneumônico e sua terapêutica na população pediátrica, e formulação de um protocolo institucional para o uso de fibrinólise intrapleural. Métodos: Foi realizada uma revisão de artigos publicados nos últimos 15 anos, nas línguasinglesa e portuguesa, nas bases de dados PubMed-MEDLINE, LILACS, Cochrane e Scielo, com os termos derrame pleural, empiema, pneumonia, fibrinolítico e crianças. Com base na literatura referida, foi elaborado um protocolo para o uso de fibrinolítico intrapleural em casos de derrame pleural parapneumônico complicado. Resultados: Foram incluídos 15 estudos na revisão. O exame de imagem mais utilizado para o diagnóstico e acompanhamento do derrame pleural parapneumônico foi o ultrassom de tórax. A maioria dos estudos avaliou e comparou a utilização de drenagem pleural associada a fibrinolíticos intrapleurais e a video-assisted thoracoscopic surgery (VATS). Os fibrinolíticos mais utilizados foram o ativador do plasminogênio tecidual (tPA) e a uroquinase. A duração da internação hospitalar e os efeitos adversos não foram diferentes entre os grupos. A taxa de falha terapêutica do desbridamento químico variou de 0 a 37,2 . A VATS e a drenagem associada a fibrinolíticos foram seguros e bem tolerados e, de maneira geral, apresentaram vantagens em relação à drenagem pleural simples em casos de derrames pleurais complicados, com septações e loculações. Conclusões: Considerando que o desbridamento químico tem um menor custo e constitui um procedimento menos invasivo, além de possuir taxa de complicação e tempo de internação hospitalar semelhantes ao VATS, deve ser preferido como primeira linha de tratamento. O protocolo criado servirá para uniformizar as condutas da instituição e pretende favorecer uma tomada de decisão baseada em evidências e que visa uma terapêutica segura, eficaz e menos invasiva.
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