Newton Kara José

O oftalmologista Newton Kara José ingressou na Unicamp no ano de 1977 após o afastamento do professor Antônio Augusto de Almeida. Sua história como professor titular e como chefe do Departamento de Oftalmologia da Faculdade de Ciências Médicas se mistura com a evolução do próprio Departamento. Conta, que quando começou, a Oftalmologia funcionava debaixo de uma escada e hoje serve como referência para diversas instituições. Pai de um dos projetos sociais mais bem sucedidos do país, o Projeto Catarata, que no ano passado promoveu 420 mil cirurgias de catarata gratuitamente, o Dr. Newton Kara José é mais um dos fascinantes personagens que fazem parte dos 40 anos de histórias da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. 

Os olhos da Universidade

Em 1974, fui convidado pelo professor Lopes de Faria para assumir a chefia da Disciplina de Oftalmologia da Unicamp. Lembro-me que na época tinha apenas o doutoramento na USP, e para decidir vir para cá, passei uma semana mais ou menos estudando os prós e contras. A situação era um pouco complicada na Oftalmologia da Unicamp porque o professor antigo, o professor Almeida tinha saído meio brigado com a escola e com a reitoria, e o ambiente tinha ficado um pouco conturbado. Três colegas tinham vindo para cá antes e acabaram não permanecendo na Universidade. Em 1977 o professor Pinotti insistiu bastante para que eu viesse e a Unicamp sempre foi um sonho para qualquer pessoa. Não que ela não tivesse professor nesse terreno porque não era uma aspiração, mas realmente a situação era um pouco difícil, especificamente na área da Oftalmologia. A escola tinha ficado desde 77, alguns anos sem professor, os residentes de segundo ano reclamavam muito junto ao Diretor porque a formação deles ficou bastante prejudicada. Em março do ano 1977 decidi vir, mas combinei com o professor Pinotti que eu ficaria em um período probatório meu, para ver se teria condição de levar adiante o projeto, que não podia nunca ser um projeto pequeno. Coordenei a disciplina de março até agosto de 1977, quando cheguei para o professor Pinotti e disse tudo bem, aceito, acho que vou conseguir levar adiante o trabalho, a tarefa. Tomei posse, porque no mesmo ano procurei junto ao professor Terzi reiniciar a residência médica que tinha sido interrompida; tínhamos R3, não tínhamos R1 e R2. Depois de uma longa conversa concordou em reabrir a residência, começamos uma residência com três médicos, corremos atrás, literalmente, de doações para reequipar o serviço de Oftalmologia, o que foi feito rapidamente. Em seguida, começamos aumentar o número de vagas de residentes. Hoje temos 14 residentes de primeiro ano, 14 de segundo ano e 14 de terceiro ano. Chegamos a ter cinco residentes de quarto ano, quando a Comissão Nacional de Residência Médica, cortou dois anos de pós-residência e deixou apenas um ano. Naquele tempo a residência de oftalmologia era de dois anos e nós passamos a ter apenas R2 e R3, mas há muitos anos que nós somos o Serviço de Oftalmologia com maior número de residentes do Brasil. Conseguimos a duras penas, mas a gente conseguiu esse número e ele continua. Nossos residentes, como atestam todos os relatórios que a Comissão de Residência pede, são os mais satisfeitos com o serviço. E tenho um grande orgulho de dizer que a imensa maioria dos egressos dessa residência tem uma posição de bastante destaque onde trabalham e estão bastante felizes com o exercício da Oftalmologia e creditam ao nosso trabalho grande parte do seu sucesso profissional. Acho que a residência vem melhorando ano a ano, nos últimos anos nós temos preceptores de Oftalmologia, pagos inclusive pela própria disciplina, além do preceptor que é um docente, como é o tradicional e oficial dessa Casa. Mas a residência está muito bem. Nós aumentamos muito o número de cirurgias de catarata, nossos residentes estão entre os melhores cirurgiões de catarata da América Latina e a gente ainda tem um sistema de estágio para cirurgia de catarata de egressos de outras residências ou residentes nossos que estavam em práticas e voltam para complementar sua formação. Na parte de residência há muito a fazer, mas ela tem se mantido em um nível excelente e tem melhorado ano a ano.

A minha história como professor titular dessa escola se mistura muito com a própria evolução da Faculdade, mas ela é muito rica e para mim foi o serviço universitário mais importante que eu fiz na vida e com mais resultados, considerando inclusive da forma como começou. A Oftalmologia quando eu cheguei funcionava literalmente embaixo de uma escada. Tinha um microscópio, uma lâmina de fenda, um refrator para óculos e não tinha microscópio cirúrgico. Era muito fraca em matéria de equipamentos. Nós tínhamos três docentes que tinham terminado o segundo ano de residência e tinham sido passados para MS1, quer dizer, três auxiliares de ensino, isso era tudo. Mas o pessoal era muito bom. Nós rapidamente conseguimos então instalar a residência, conseguimos passar os auxiliares de ensino para assistentes e depois em seguida foram contratados, a Dra. Ana Marcondes, o Dr. Roberto Caudato e o serviço começou realmente a crescer e mais tarde outros docentes foram sendo contratados, atendendo ao corpo clínico da Oftalmologia. Desde o começo não tínhamos leitos, começamos a fazer cirurgias à noite e graças a essa dificuldade essa escola implantou a cirurgia ambulatorial de catarata no Brasil. Nós operávamos a noite e dávamos alta para o paciente. Quando necessário usávamos leitos vagos na própria noite e dávamos alta de manhã. Rapidamente, nós lutamos para que fizesse a transferência para o Hospital das Clínicas e nesse meio tempo foi alugada uma casa em frente ao Hospital Irmãos Penteado, onde a Oftalmologia começou a crescer. Nós crescemos bastante naquela casa e fomos à segunda clínica a se transferir para o Hospital das Clínicas. Na época, o professor Manildo ponderava as dificuldades de vir uma clínica para cá, antes das coisas estarem totalmente desenvolvidas, não tinha água encanada, tinha uma série de dificuldades. Falei: não tem importância quando chegarmos lá, vamos resolver os problemas progressivamente de acordo com as necessidades. Nós fomos instalados na área disposta para Oftalmologia, que era uma área pequena e em seguida conseguimos que – tinha um corredor ao lado - onde foram feitas mais duas salas de Oftalmologia e uma sala onde ficavam as macas nós conseguimos também transformá-la em ambulatório de Oftalmologia. Tivemos uma boa expansão na área física, sempre seguida do aumento do número de residentes, do aumento do número de docentes e fundamentalmente do aumento do número de estagiários que até hoje vem voluntariamente servir, aqui, na Universidade de Campinas. A parte cirúrgica teve um grande desenvolvimento, nós não tínhamos centro cirúrgico e ambulatorial funcionando ainda no Hospital. Nós abrimos um centro cirúrgico no corredor do ambulatório. É um momento muito importante da história dessa Faculdade. Foi uma briga, principalmente com a enfermagem, o serviço funcionando com cirurgia intra-ocular no próprio ambulatório. Ela não era ambulatorial, ela era no ambulatório. Isso forçou bastante o hospital a abrir o centro cirúrgico ambulatorial, onde a Oftalmologia até hoje representa cerca de 60% de todo o movimento de Centro Cirúrgico Ambulatorial. O rendimento da clínica Oftalmológica é muito grande e ele serviu não só para essa escola como ele serviu de exemplo, quer no aumento do número de residentes, quer no aumento de atendimento e número de cirurgias, para todas as outras escolas, que inclusive chegaram a mandar médicos do seu serviço para ver como funcionava a Oftalmologia da Unicamp. Ainda para melhorar a residência e o atendimento a comunidade, nós iniciamos há 17 anos um convênio com o Hospital Central de Divinolândia – Hospital Ademar de Barros de Divinolândia que fica a 120 Km de Campinas – e instalamos lá um serviço de Oftalmologia que funciona até hoje e atende uma região de 16 cidades e 440 mil habitantes. Funciona ininterruptamente todo esse tempo. Ainda dentro dessa filosofia de aumentar o atendimento a comunidade pobre, foi construído com ajuda da Oftalmologia da Unicamp, um hospital em Taquaritinga que atende uma região de cerca de 600 mil habitantes e que é movimentado pelos residentes e ex-residentes dessa clínica que atende apenas SUS, apenas a população carente. O projeto comunitário que começamos a fazer em 1986 de reabilitação visual do idoso e de catarata nos deram em 1990 o maior prêmio internacional do Lions Club Internacional, que é o prêmio por trabalhos humanitários. Esse prêmio dá uma bolsa de 250 mil dólares. Na época eu doei esses 250 mil dólares para a Unicamp e com isso nós construímos a ala nova da Oftalmologia e reequipamos a Oftalmologia. E conseguimos em cima desse prêmio doações de muitas instituições nacionais como a Kellogg Foundation, do Lions Club Internacional e da própria Reitoria e da Faculdade de Medicina e assim foi construído o primeiro apêndice de uma área oftalmológica. Na época o reitor Pinotti, já possuía também a parte de Ginecologia e Obstetrícia.

O ensino de graduação melhorou muito, mantém-se em nível muito bom. A residência médica tem cerca de anualmente, aproximadamente 270 candidatos por ano, o que representa mais que duas vezes o número total de alunos que essa Faculdade tem no mesmo período. É dentre as três mais concorridas do Brasil, o que mostra o seu padrão e sua qualidade. E a outra coisa que faltava era a pós-graduação, que foi bastante dificultado, nós lutamos bastante desde 1996 e se institui como uma das mais produtivas e mais disputadas do Brasil. Então a gente tem certeza que na parte de graduação, na parte de residência médica e pós-graduação e de serviços a comunidade a gente não tem só feito um trabalho muito bom, muito reconhecido dentro das diferentes esferas da comunidade e do meio acadêmico mas temos ainda um carinho muito especial pelos projetos comunitários. É importante dizer que o nosso projeto de graduação foi copiado por muitas escolas, o nosso projeto de residência foi copiado por muitas escolas, nossos projetos de cirurgia de catarata e projetos comunitários se expandiram como modelos pelo Brasil todo. O Brasil, que fazia 60 mil cirurgias de catarata no começo da década de 90, hoje faz 420 mil e a mola propulsora dessa mudança, sem dúvida, foram os projetos Zona Livre de Catarata e depois Reabilitação Visual do Idoso, que o Governo Federal, através do Ministério da Saúde encampou e até hoje a gente participa ativamente da coordenação nacional. Ainda em 1988 o projeto que a gente tinha Zona Livre de Catarata, nós fizemos uma reunião em São Paulo e o projeto foi entregue para 12 países da América Latina e hoje através do Projeto Sight First do Lions ele é aplicado na maioria dos países de terceiro mundo. São projetos que se iniciaram na Unicamp e ganharam projeção nacional e internacional.

O problema da deficiência visual e da cegueira mesmo, no idoso, é que ela se instala muito lentamente, ela não ocorre em epidemias, então as pessoas vão aceitando aquilo como uma coisa normal. Além do mais, por experiências passadas de antepassados existe uma certa descrença nos serviços de Oftalmologia governamentais. O que estamos conseguindo mudar, estamos conseguindo reverter. Mas a população mais pobre não tem condições de por ela mesma chegar ao hospital escola . Então o sistema para atender a população idosa e com dificuldade visual depende realmente de projetos como esse. Quando você facilita a chegada do idoso ou então você vai até a periferia e instala postos de atendimento primários para que o paciente só venha para o hospital no dia da cirurgia. A cegueira por catarata é tão devastadora quanto qualquer tipo de cegueira e é mais fácil, mais barata e mais eficiente para ser reabilitada. O Governo Federal entendeu isso e continua dando total apoio a esse tipo de projeto. Além disso a gente precisa ter cada vez mais médicos oftalmologistas, médicos de um modo geral, e brasileiros de modo geral comprometidos com o atendimento a comunidade, com a melhoria da qualidade de vida da comunidade para que esse país possa ser um país cada vez mais agradável, mais justo, melhor de se viver e mais igualitário.

O Paulo Freire diz que o homem é um animal em formação e você vai aprendendo a cada dia e o Mahatma Ghandi tem uma outra frase que eu acho extraordinária que diz que “Eu sou fiel a verdade, tal qual ela se representa hoje, a verdade é que eu evoluí de verdade em verdade.”

Quando você entra na Faculdade de Medicina, faz sua residência, começa a publicar seus trabalhos, começa a dar, aula, vira doutor, vira livre-docente e de repente você vira um líder no meio universitário, só que você foi um indivíduo que teve uma formação tecnicista por excelência, caso contrário, você não chegaria lá. É muito difícil ou demora muito até que você entenda que só a tecnologia não resolve todos os problemas e que você tem que facilitar a população de um modo geral a ter acesso ao que a ciência pode dar. Até 1986 eu achava que no Brasil não tinha cegueira por catarata porque eu era um técnico, acho até que relativamente bom e o serviço onde eu freqüentava, eu tratava de fazer com que operassem todos os indivíduos que com catarata que chegassem, sem cobrar nada, absolutamente gratuito. Na minha visão de técnico estava resolvido o problema de catarata no Brasil. Eu nunca tinha atentado, porque a população que chega ao hospital é uma população seleta, mesmo quando é pobre ela é seleta, porque pobre mesmo não chega. Em 1986 eu fui convidado por um amigo que tem um posto muito importante na Oftalmologia americana para uma reunião em Washington para discutir cegueira por catarata na América Latina. Eu falei, não vou. No Brasil não tem cegueira por catarata e jurava que não tinha. Mas a proposta era boa, tinha um Congresso logo a seguir, tinha passagem e estadia paga, eu fui e o tempo todo eu dizia no Brasil não tem cegueira por catarata. E o pessoal dizia: mas tem no mundo todo e apresentava números que me deixavam realmente muito em dúvida e como havia uma bolsa de 100 mil dólares para fazer um projeto em Campinas, eu decidi apurar melhor os fatos. Voltei , fiz um projeto grande em Campinas, um projeto muito bom, passamos em 25 mil residências, mapeamos a cidade, fomos de porta em porta, pegamos as pessoas idosas, com mais de cinqüenta anos, medimos a acuidade visual, os que tinham visão baixa, fazíamos exame oftalmológico num posto de campanha colocado num posto de saúde perto das casas e aí, literalmente, os conceitos que eu tinha vieram todos abaixo. Mesmo essa cidade com 110 oftalmologistas na época, duas universidades, hospitais públicos, 50% dos indivíduos que ficavam cegos por catarata em Campinas morriam cegos. Deficiência visual, nem se diga, apenas 10% eram operados. A partir daquilo ali, eu falei bom, agora, quando você sabe de uma coisa a responsabilidade é muito maior. Iniciamos os projetos Catarata em São João da Boa Vista, Divinolândia, Araraquara, Bebedouro.Começamos a fazer um grande número de projetos em Campinas, um em cada bairro e a coisa se repetia da mesma maneira. Campinas 50% dos operados, qualquer cidade ao redor 15% de operados e o resto cego. Começamos a batalhar pelo aumento do número de cirurgias de catarata, aumentamos ao máximo o número aqui na nossa escola, abrimos o Hospital de Divinolândia e depois o Hospital de Taquaritinga, operando muita catarata, até que em 89, conseguimos que o Conselho Brasileiro de Oftalmologia também aderisse, em seguida o Ministério da Saúde também aderisse e o Brasil que fazia vergonhosamente 60 mil cirurgias de catarata em 1990 fez em 2002, 420 mil cirurgias. Aumentou-se 7 vezes o número de cirurgias e precisamos dobrar isso para que toda a população tenha o máximo de sua capacidade visual , sem problemas de deficiência visual por catarata. Nós temos que chegar ainda a cerca de 800 mil cirurgias de catarata por ano, mas a tarefa hoje é um décimo da que tivemos no começo, tivemos que provar que havia cegueira por catarata, tive que provar para mim mesmo que havia e depois a gente provar para os oftalmologistas e para o governo e as organizações não-governamentais a importância do Projeto catarata. Ainda em 1988, já convicto do tamanho do problema nós fizemos uma reunião junto com a Hellen Keller International, que patrocinou a reunião e com doze países da América Latina em que nós expusemos nossos planos de como o projeto era feito e a maioria desses países, do Chile ao México, começaram a fazer também projetos catarata. Em seguida,o Lions, em 1990 agraciou o nosso trabalho com o prêmio de trabalhos humanitários, aquele prêmio que deu uma bolsa de 250 mil dólares e o Lions começou com o trabalho Sight First que hoje existe na maioria dos países de terceiro mundo. É um exemplo de que uma vez convertido você pode atuar e fazer muito melhor do que você está fazendo. Aí respondo a pergunta seguinte: o que se pode fazer ainda no futuro? Ampliar o projeto e iniciar novos projetos na área de Oftalmologia e outras áreas da Medicina para que a gente chegue mais rapidamente ao ponto de atendimento de saúde que a nossa sociedade precisa e pode ter.

A Oftalmologia é uma área que tem interesse desde que a pessoa nasce até que morre e 85% do nosso relacionamento com o mundo é feito através dos olhos. E o número de problemas oftalmológicos cresce muito depois dos cinqüenta anos de idade, mas ele existe em todas as faixas etárias. A criança aos 7 anos de idade, 6% delas tem uma deficiência visual de tal monta, que se ela não tiver óculos ela não consegue acompanhar a escola. Nós iniciamos nessa escola em 1985 um projeto muito grande junto com a Kellogg Foundation. Tivemos uma bolsa de 300 mil dólares da Kellogg Foundation para desenvolver um projeto para atendimento de escolar, ingressante nas escolas públicas. O Projeto foi se desenvolvendo e em 1996 nós conseguimos com que o Governo Federal encampasse esse projeto. Graças a isso, todo o modelo dele é nosso, todos os livros dele são nossos, as condutas são nossas. Todo ano 3 milhões e 300 mil crianças ingressantes em escolas públicas tem uma triagem oftalmológica na escola e todas as necessitadas têm exame oftalmológico e óculos doados gratuitamente. Esse é um projeto que precisa ser expandido ainda, que atualmente ele pega cidades com mais de 50 mil habitantes e ele precisa atingir todas as cidades, todos os escolares ingressantes e no futuro os escolares do terceiro ano do ensino fundamental. Isso é absolutamente importante para que as crianças não sejam alijadas da escola por causa de problemas. Outros problemas ainda que a gente tem em Oftalmologia e que vão merecer projetos importantes, são projetos para educar a população para evitar acidentes. Só “an passant”, o projeto do cinto de segurança ocorreu no Brasil muitos anos antes por causa dos projetos, das campanhas que a nossa escola fez, baseado no ferimento dos olhos, porque quando você tinha uma batida de carro sem o cinto de segurança a primeira coisa que você feria era o rosto e no rosto o mais importante eram os olhos. Na época em que ele ocorreu, em grande parte graças a iniciativa dessa escola. Nós temos ainda projetos de acidentes, que tem que ter uma educação maior e medidas preventivas maiores ainda- óculos para adulto – um levantamento que fizemos nessa Universidade 56% das pessoas entre 18 e 40 anos de idade usavam óculos. Essa porcentagem é de 80%, então mesmo em uma Universidade tem 20% da população que precisa de óculos e não tem. Na população em geral talvez 70, 80% dos que precisem de óculos não tem. É necessário que as universidades façam esses projetos e ajudem amostrar para o governo a importância de facilitar a prescrição de óculos para população de um modo geral. Então, tem muito o que fazer e não dá nem para parar, quer dizer, é por isso que eu estou com 65 anos de idade e acho que eu estou começando. Estou com o mesmo ímpeto e vontade do dia que eu cheguei aqui na Unicamp. E esse tempo na Unicamp foi extraordinariamente útil para mim, para a minha formação como cidadão e acho que eu contribuí bastante para essa Faculdade de Medicina e para essa Universidade e seguramente para a Oftalmologia brasileira e da América Latina de um modo geral.

Uma mensagem para atuais e para os futuros professores e cidadãos. Você não pode achar que o governo é responsável pelo futuro de cada um e da nação. O governo somos nós mesmos. Você individualmente como cidadão e muito mais passível e necessário de ser feito como dirigente de alguma uma coisa pública, você tem que ter iniciativa,força de vontade e coragem para enfrentar os problemas. Enfrentando os problemas, com determinação, você consegue vencer praticamente a todos.

Entrevista concedida a Eduardo Vella