Raul Stefanini

Raul Stefanini foi o primeiro motorista da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), transferindo-se após anos para a Reitoria da Unicamp. Prestou serviços aos vários diretores da FCM, admitido como funcionário em 1970. Seus serviços foram de inestimado valor para a Universidade.

 

 

"FCM: aos 40, uma jovem senhora"

Comecei a trabalhar como motorista na FCM no dia 15 de fevereiro de 1970, embora também tenha trabalhado 16 anos em outras funções na Santa Casa de Campinas. Prestei serviços a diversos diretores. O primeiro deles foi o professor Sílvio dos Santos Carvalhal, que morava em São Paulo. Diariamente, eu o buscava perto da Praça Pan-Americana, em Pinheiros, e o levava de volta ao final da tarde ou da noite. Isso aconteceu mais ou menos por uns dois anos. A rotina envolvia chegar lá às sete horas da manhã e voltar para Campinas em seguida. À noite, retornava para São Paulo e depois para Campinas novamente.

Depois veio o professor Pinotti, que morava em Campinas mesmo. Ele foi duas vezes diretor da FCM. A sua vida era muito atribulada. Corria muito devido às suas múltiplas atividades. Conseqüentemente, durante todo dia eu tinha várias coisas para fazer. Era difícel sobrar tempo, mesmo aos sábados, domingos e feriados. Nos últimos três anos, trabalhei com o professor Pinotti já como reitor da Unicamp.

Na seqüência, como diretores da Faculdade, vieram os professores José Lopes de Faria, Luiz Sérgio Leonardi e Frederico Novaes de Magalhães. Com eles, também viajei muito.

Fatos marcantes – Informalmente, nosso ponto de referência na Santa Casa era uma jaqueira enorme que tinha no estacionamento. Quanto não tínhamos outros serviços para fazer, a gente ficava batendo papo ali e tomando um “cafézinho” que a conhecida dona Jamila fazia. Era muito gostoso. Havia ainda muitas palmeiras no fundo da Prefeitura e, às vezes, quando caía uma folha daquelas, bem seca, em cima dos carros, estragava, e das pessoas, até machucava ou deixava grandes estragos.

Num daqueles dias, caiu uma jaca em cima de um carro e amassou bastante. Formou uma panela na lataria. Depois, choveu e encheu de água. Parecia, literalmente, uma piscina. Lembro-me até hoje do carro: um fusquinha 69. Só não me recordo de quem era.

Como viajava constantemente, já cheguei a tirar carro 0 km da agência. Era um opala preto oficial, com quatro portas. Foi um luxo para a época. Logo que foi comprado, precisei de alguns dias de férias. Veio daí um colega para me substituir. Fato é que, justamente um dia depois, ele conseguiu por fogo naquele automóvel. O coitado falou: “consegui acabar com o carro que o sêo Raul zelava tanto”. Mas, depois de consertado, ainda rodou 300.000 km.

Estas histórias são importantes para serem relembradas. Sinto-me feliz e mais ainda por estar participando das comemorações dos 40 anos da FCM, sabendo que dei minha cota de contribuição através do meu trabalho. Espero continuar perto de vocês. Agora, estou trabalhando no hospital, mas estamos sempre nos encontrando. Felicidades à Faculdade. Que ela continue crescendo cada vez mais, junto com toda Universidade.