Qualificações e Defesas

RACISMO, BUCALIDADE E PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL DA POPULAÇÃO NEGRA

Candidato(a): Beatriz Carlos Correa Dulianel Orientador(a): Juliana Luporini Do Nascimento
Mestrado Profissional em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde
Apresentação de Defesa Data: 20/06/2024, 14:00 hrs. Local: Auditório Paulistão
Banca avaliadora
Titulares
Rafael Afonso da Silva - Presidente
Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas- Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas
Carlos Botazzo- Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - USP
Liliane de Jesus Bittencourt- Universidade Federal da Bahia - Escola de Nutrição.
Suplentes
Daniele Pompei Sacardo
Fernanda Campos de Almeida Carrer

Resumo


O presente estudo tem por objetivo mapear e analisar formas pelas quais o racismo afeta as dimensões sociais, culturais, simbólicas e psíquicas que atravessam/produzem bucalidades de pessoas negras; e discutir como a construção da noção de bucalidades negras pode orientar as ações de atenção à saúde bucal e de promoção de bucalidades saudáveis de pessoas negras. Para tal, usamos o seguinte método qualitativo de coleta de dados: entrevistas individuais abertas com seis membros do Movimento Negro Unificado (MNU) de Campinas. O material das entrevistas foi transcrito e foi utilizada a “técnica” de análise episódica, criada por Grada Kilomba, para analisar e elaborar os capítulos desta dissertação. Emaranhado a essa “técnica”, foram utilizados contos elaborados com inspiração nas entrevistas, como recurso que sustenta a liberdade de ficcionalização em um compromisso que se refere à “energia da imagem” e aos sentimentos presentes nos relatos das/os entrevistadas/os. Como Produto Técnico foi realizado, com representantes do movimento negro e acadêmica/os das áreas de saúde bucal coletiva/bucalidades e de racismo, uma roda de conversa a partir de temas emergentes das entrevistas, articulados sob a perspectiva mais geral da noção de bucalidades negras, uma noção ainda não existente, para cuja construção esta pesquisa pretende lançar as pistas iniciais. Espera-se que a dissertação permita compreender melhor como o racismo afeta as bucalidades de pessoas negras, impactando no processo saúde doença. Desse modo, espera-se também que este trabalho possa oferecer subsídios para refletir sobre a interface entre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e a Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), para assim, avançar no desenvolvimento da atenção à saúde integral da população negra.



RACISMO, BUCALIDADE E PROMOÇÃO DA SAÚDE BUCAL DA POPULAÇÃO NEGRA

Candidato(a): Beatriz Carlos Correa Dulianel Orientador(a): Rafael Afonso da Silva
Mestrado Profissional em Saúde Coletiva: Políticas e Gestão em Saúde
Apresentação de Defesa Data: 20/06/2024, 14:00 hrs. Local: Auditório Paulistão
Banca avaliadora
Titulares
Rafael Afonso da Silva - Presidente
Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas- Faculdade de Ciências Médicas - Universidade Estadual de Campinas
Carlos Botazzo- Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo - USP
Liliane de Jesus Bittencourt- Universidade Federal da Bahia - Escola de Nutrição.
Suplentes
Daniele Pompei Sacardo
Fernanda Campos de Almeida Carrer

Resumo


O presente estudo tem por objetivo mapear e analisar formas pelas quais o racismo afeta as dimensões sociais, culturais, simbólicas e psíquicas que atravessam/produzem bucalidades de pessoas negras; e discutir como a construção da noção de bucalidades negras pode orientar as ações de atenção à saúde bucal e de promoção de bucalidades saudáveis de pessoas negras. Para tal, usamos o seguinte método qualitativo de coleta de dados: entrevistas individuais abertas com seis membros do Movimento Negro Unificado (MNU) de Campinas. O material das entrevistas foi transcrito e foi utilizada a “técnica” de análise episódica, criada por Grada Kilomba, para analisar e elaborar os capítulos desta dissertação. Emaranhado a essa “técnica”, foram utilizados contos elaborados com inspiração nas entrevistas, como recurso que sustenta a liberdade de ficcionalização em um compromisso que se refere à “energia da imagem” e aos sentimentos presentes nos relatos das/os entrevistadas/os. Como Produto Técnico foi realizado, com representantes do movimento negro e acadêmica/os das áreas de saúde bucal coletiva/bucalidades e de racismo, uma roda de conversa a partir de temas emergentes das entrevistas, articulados sob a perspectiva mais geral da noção de bucalidades negras, uma noção ainda não existente, para cuja construção esta pesquisa pretende lançar as pistas iniciais. Espera-se que a dissertação permita compreender melhor como o racismo afeta as bucalidades de pessoas negras, impactando no processo saúde doença. Desse modo, espera-se também que este trabalho possa oferecer subsídios para refletir sobre a interface entre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e a Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB), para assim, avançar no desenvolvimento da atenção à saúde integral da população negra.



ELABORAÇÃO DE APLICATIVO PARA REGISTRO DE HISTÓRICO DE TRATAMENTO PSICOFARMACOLÓGICO E SEGUIMENTO FARMACOTERAPÊUTICO DE PACIENTES EM UNIDADE DE INTERNAÇÃO PSIQUIÁTRICA DE HOSPITAL TERCIÁRIO

Candidato(a): Matheus Santarosa Cassiano Orientador(a): Karina Diniz Oliveira
Mestrado Profissional em Ciência Aplicada à Qualificação Médica
Apresentação de Defesa Data: 21/06/2024, 09:00 hrs. Local: ANFITEATRO DO DEPARTAMENTO DE PSIQUIATRIA - FCM/UNICAMP
Banca avaliadora
Titulares
Karina Diniz Oliveira - Presidente
Silvia Maria Riceto Ronchim Passeri
Rodrigo Goncalves Pagnano
Suplentes
Andrea Fernandes Eloy Da Costa Franca
Eloisa Helena Rubello Valler Celeri

Resumo


Introdução: a evolução paulatina dos registros eletrônicos em saúde nas últimas 5 décadas propiciou a transição do registro em papel para o prontuário eletrônico do paciente. Na psiquiatria, essa evolução é mais lenta se comparada a outras especialidades e traz, com ela, o surgimento de dificuldades relacionadas a velocidade de implementação e acesso a informação de qualidade. No Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC/Unicamp), essa transição ocorre desde 2017 e traz complicações que afetam a coleta de informações de pacientes com transtornos mentais graves de longo seguimento no serviço. O duplo modelo de registro impõe dificuldades no cenário de atenção terciária e multiprofissional do hospital universitário e suscita debate acerca da necessidade de modelos sistematizados para registro de história farmacológica de pacientes com quadros psiquiátricos graves e completos. Objetivo: elaborar um aplicativo eletrônico para registro do histórico e monitorização de terapias psicofarmacológicas em unidade de internação psiquiátrica de hospital terciário. Métodos: foi realizado estudo de descritivo e propositivo, com modelo de intervenção, para elaboração de formulário e aplicativo eletrônico a partir da revisão narrativa de literatura; incorporação de conceitos e experiência clínica difundidas durante a formação do médico especialista do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp; e reuniões periódicas com a equipe de sistemas de informação da Faculdade de Tecnologia da Unicamp, no intuito de discutir o desenvolvimento e implementação do instrumento. Foi elaborado um formulário intitulado “Recordatório psicofarmacológico e seguimento farmacoterapêutico de pacientes egressos de internação psiquiátrica de hospital terciário”, seguido de um aplicativo eletrônico para web browser e smartphone contido no software https://appfarma.co, sendo este armazenado no servidor HostGator, e o projeto no Github (https://github.com/juju-lee/AppHc). Cada médico residente tem acesso restrito através de login e senha individuais. Ambas os instrumentos contêm dados de identificação sociodemográfica; antropometria; antecedentes psiquiátricos maiores; antecedentes clínicos e cirúrgicos; psicofármacos de uso prévio e fármacos prescritos durante a internação e seus respectivos dados de farmacovigilância. Resultados esperados e discussão: o instrumento está disponível para utilização na prática assistencial e tem potencial de melhorar a qualidade do registro de admissão e alta médica e, com isso, trazer maior assertividade na tomada de decisão durante a permanência do paciente e no seguimento pós-alta, principalmente dentro de um contexto de grande rotatividade de médicos residentes e com interface de cuidado compartilhado com outras especialidades.



Conectividade funcional das vias colinérgicas, dopaminérgicas e noradrenérgicas em pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência na doença de Alzheimer e sua correlação com sintomas neuropsiquiátricos

Candidato(a): Fernanda Burle dos Santos Guimarães Orientador(a): Marcio Luiz Figueredo Balthazar
Mestrado em Ciências Médicas
Apresentação de Defesa Data: 21/06/2024, 14:00 hrs. Local: Anfiteatro FCM UNICAMP
Banca avaliadora
Titulares
Marcio Luiz Figueredo Balthazar - Presidente
Felipe Kenji Sudo
Laura Silveira Moriyama
Suplentes
Sergio Luis Blay
Tania Aparecida Marchiori

Resumo


Introdução: As disfunções nos sistemas colinérgico, noradrenérgico e dopaminérgico desempenham um papel importante na doença de Alzheimer (DA). O núcleo basal de Meynert (NBM), o locus coeruleus (LC) e a área tegmental ventral (ATV) são os principais núcleos produtores desses neurotransmissores, respectivamente. Estudos neuropatológicos evidenciam que alterações estruturais se fazem presentes nessas regiões desde as fases iniciais da doença. A disfunção desses núcleos parece contribuir significativamente para a manifestação de sintomas neuropsiquiátricos (SNP), que tendem a se agravar à medida que a doença progride. Nesse contexto, nosso objetivo primordial é identificar alterações na conectividade funcional (CF) do NBM, LC e ATV em pacientes com comprometimento cognitivo leve (CCL) e demência da doença de Alzheimer (DDA), em comparação com um grupo controle de sujeitos saudáveis (SS). Em segundo lugar, visamos identificar potenciais correlações entre os mapas de conectividade funcional (CF) desses núcleos com SNP em pacientes com CCL e DDA.

Métodos: Foram analisados dados de 67 indivíduos com mais de 50 anos, dos quais 18 eram SS e 49 apresentavam alteração na concentração de beta-amiloide no líquido cefalorraquidiano (25 CCL; 24 DDA). Os participantes foram submetidos à ressonância magnética funcional de repouso e avaliação neuropsicológica completa, incluindo o Inventário Neuropsiquiátrico (INP). Inicialmente, a análise concentrou-se na busca por diferenças da conectividade funcional (CF) desses três núcleos entre os grupos (SS, CCL e DDA), por meio de uma análise de segundo nível utilizando teste de análise de covariância (ANCOVA), incluindo mapas de CF individuais para cada região de semente de forma individualizada. Posteriormente, foram realizadas correlações entre os escores das subsíndromes do INP (apatia, hiperatividade, síndrome afetiva e psicose) com os mapas de CF individuais gerados, controlando para variáveis de idade e anos de educação (SPM12-toolbox).

Resultados: Na análise entre-grupos, em relação ao NBM, comparados aos SS, pacientes com CCL mostraram uma CF significativamente reduzida no giro pré-central esquerdo e na ínsula anterior esquerda (volume 62,05 e 61,59 voxels, respectivamente, Figura 1). Da mesma forma, pacientes com DDA, quando comparados aos SS, mostraram uma CF significativamente reduzida no giro pré-central medial esquerdo e direito (volume 104,06 e 82,75 voxels, respectivamente) e no giro supramarginal direito (volume 64,68 voxels, Figura 2). Em relação à rede da ATV, inesperadamente, descobrimos que, comparados aos CCLs, pacientes com DDA mostraram aumento da CF no operculum central esquerdo (volume 92,29 voxels, Figura 3). Nenhuma outra alteração entre-grupos alcançou significância estatística para o LC direito e ATV. Considerando a correlação da CF em pacientes com DDA e INP, encontramos correlações significativas exclusivamente com escores da subsíndrome de hiperatividade (agitação, irritabilidade, comportamento motor aberrante, euforia e desinibição). Em relação à ATV direito, notamos um aumento da CF principalmente com a área subcalosal direita e esquerda (volumes 177,92 e 211,68mm³, respectivamente, Figura 1) e giro orbital medial esquerdo (volume 162,88). Encontramos um padrão semelhante na ATV esquerda (Figura 2) e no LC direito (Figura 3), mostrando aumento da CF predominantemente com a área subcalosal direita (volumes 151,2 e 91,04mm³, respectivamente) e área subcalosal esquerda (volumes 110,72 e 97,52mm³, respectivamente). Nenhuma correlação estatística significativa foi encontrada entre a CF do NBM e os escores do INP.

Conclusão: Pacientes com alterações na concentração de beta-amiloide no LCR apresentaram redução na CF entre o giro pré-central/ínsula e o NBM. Além disso, a CF das redes noradrenérgica e dopaminérgica com a área subcalosal mostrou-se positivamente correlacionada com a subsíndrome de hiperatividade na doença de Alzheimer.



AVALIAÇÃO DO APOIO PSICOLÓGICO DISPENSADO ÀS MULHERES VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA SEXUAL NO CAISM/UNICAMP

Candidato(a): Ana Luiza Teixeira Orientador(a): Arlete Maria Dos Santos Fernandes
Mestrado em Tocoginecologia
Apresentação de Defesa Data: 24/06/2024, 09:00 hrs. Local: Anfiteatro da Comissão de Pós Graduação FCM/UNICAMP
Banca avaliadora
Titulares
Arlete Maria Dos Santos Fernandes - Presidente
Silvana Maria Quintana- Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
Daniele Pompei Sacardo
Suplentes
Rogério Bonassi Machado - Faculdade de Medicina de Jundiaí
Luiz Francisco Cintra Baccaro

Resumo


A Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhece a violência contra a mulher como um problema de saúde pública global, tendo consequências para a saúde física e mental e se constituindo uma importante violação dos direitos humanos. A violência sexual (VS) é uma das formas mais comuns de violência contra a mulher, atinge todas as classes sociais, culturas e etnias em todo o globo. No âmbito psicológico, as consequências da VS podem ocorrer de forma imediata e em longo prazo, portanto, a prioridade do atendimento às sobreviventes deve ser promover a saúde e o bem-estar mental da mulher, buscando diminuir os potenciais agravos. O objetivo deste estudo foi avaliar o acompanhamento de apoio psicológico dispensado às sobreviventes adultas, durante seis meses após o atendimento de emergência. Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo, que foi confeccionado em dois braços, o primeiro com amostra de 312 mulheres ≥ 20 anos, vítimas de VS no período de 2014 a 2019, e que tiveram atendimento psicológico no Programa de Atenção Especial do CAISM/UNICAMP do Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Revisamos os prontuários de todas as mulheres atendidas no período estudado e excluímos as com idade ≤19 anos e aquelas com idade ≥20 anos que não haviam realizado ao menos um atendimento psicológico no serviço. As variáveis estudadas foram sociodemográficas, características da VS, sentimentos, reações e atitudes desencadeados nas mulheres durante seguimento de suporte psicológico ambulatorial, e a taxa de abandono do atendimento psicológico antes de completar o período de seis meses do evento da agressão. Os dados foram coletados a partir dos prontuários médicos digitalizados, das anotações feitas pelos profissionais da equipe multidisciplinar no atendimento de emergência e no seguimento ambulatorial de seis meses. Usamos para análise estatística o teste-Qui-Quadrado e teste de Mann-Whitney, com nível de significância foi 5 . Entre os resultados encontrados, a faixa etária de 20 a 29 anos foi a de maior prevalência; a maioria das mulheres eram solteiras, residiam em Campinas, autoreferiram cor de pele branca, tinham emprego fixo e religião. Houve maior prevalência de agressão por via vaginal sendo perpetrada por um único agressor. Os sentimentos mais expressados corresponderam a ansiedade, angústia e insegurança e a maioria das mulheres deixaram de realizar atividades de seu cotidiano e contaram para alguém de sua confiança sobre a agressão. O mês de maior sintomalogia e de consultas psicológicas correspondeu ao primeiro mês após a VS e mais da metade das mulheres perderam o seguimento de apoio psicológico. Num segundo braço, foi realizada análise comparativa dos dados coletados das 312 mulheres adultas com um banco de dados de estudo anterior composto de 521 mulheres adolescentes atendidas no mesmo serviço. As variáveis estudadas foram sociodemográficas, tipologia da VS e reações e sentimentos expressos pelas vítimas. Utilizamos os testes Qui-Quadrado e teste de Mann-Whitney, com nível de significância foi 5 . A violência aguda foi a mais prevalente entre as mulheres em ambas faixas etárias. A mulher adulta apresentou maior antecedente de VS e de transtorno mental, manifestou mais sentimentos e reações quando comparadas às adolescentes. As adolescentes manifestaram mais vergonha e culpa e tiveram mais dificuldades em contar para alguém sobre a VS. Concluímos que oferecer uma assistência especializada as sobreviventes de VS logo após a agressão é imprencidível para a recuperação emocional e social dessas mulheres.